Numa matéria assinada pelo jornalista Nelson Lisboa, publicada no sábado (25), no jornal Taperá, o superintendente do SAAE Salto, Gilmar Souza dos Santos, afirmou que espera concluir nos próximos dias uma auditoria nos equipamentos assumidos da CONASA SaneSalto, empresa concessionária do tratamento de esgoto da cidade, para decidir um retorno da operação para a iniciativa privada. Vale ressaltar que governos sem compromisso com a população, priorizam lucros da iniciativa privada ao invés de priorizar o interesse da maioria da sociedade.

Em vários momentos durante a tramitação do processo de retomada da CONASA SaneSalto, foi cantado em prosa e verso, que a única saída para se investir pesado em soluções para a falta de água da cidade, era retomar o serviço de tratamento de esgoto fazendo com que o lucro da concessionária - cerca de R$ 25 milhões de reais somente em 2023 - pudessem vir diretamente para os cofres da autarquia. Com isso, o SAAE Salto teria caixa suficiente para um investimento real na melhoria do abastecimento de água da cidade.

Pela argumentação da Superintendência da autarquia, quem lê a matéria - excelente por sinal - se vê diante da possibilidade - devido ao aparente sucateamento deste importante setor - de uma redução na eficiência dos serviços públicos resultem numa justificativa para sua privatização. Além disso, a Superintendência da autarquia ainda fala na necessidade da contratação de 40 novos servidores operacionais e técnicos e outros dez para a parte administrativa, além de vários novos equipamentos e novos investimentos para recuperar toda a estrutura do serviço. Isso soa um tanto estranho, pois nem a CONASA SaneSalto tinha esse contingente de trabalho. Eram 32 ao todo.

Mais estranho ainda, se pararmos para pensar que o SAAE Salto já possui parte desse operacional e parte desse administrativo. Não são duas estruturas separadas e sim uma única. Tudo isso reforça ainda mais a justificativa de privatização. É como ter um posicionamento consolidado antes do almoço e após degustar a sobremesa, mudar completamente de opinião.

A privatização não é e nunca foi uma solução política razoável. Ela apenas beneficia alguns poucos envolvidos e principalmente quem realmente ganha com esse serviço. A lógica do sucatear para privatizar como convencimento que isso é a única saída para posteriormente devolvê-lo para a iniciativa privada é, no mínimo, um absurdo sem tamanho. Veja a fala do prefeito Laerte Sonsin Jr. contrapondo o que a Superintendência da autarquia afirmou na entrevista ao jornalista:

Vale ressaltar que o sucateamento de serviços essenciais resulta numa piora na qualidade oferecida e isso vira tendência espalhando inverdades. Uma tática extremamente cruel muito comum na política. Na privatização, a essência é o lucro e não o real benefício coletivo.

Governos inteligentes nunca desprezariam áreas essenciais ou setores estratégicos como a Estação de Tratamento de Esgoto. Para investir na melhoria do abastecimento da água na Estância Turística de Salto só existe um caminho viável: a gestão correta do esgoto.